Você sabia que muitos antes da construção das primeiras pirâmides do Egito; por volta de 2.600 AC; já existiam habitantes e sambaquis na região de Joinville e da Baia da Babitonga? Os primeiros indícios em 4000 AC já indicavam a presença destes povos pré-coloniais, caracterizados por serem pescadores-caçadores- coletores.
Sambaqui significa em língua tupi - monte de conchas - e são encontrados no litoral de todo o mundo, porém os maiores situam-se no Estado de Santa Catarina, especialmente em São Francisco do Sul, Joinville e Garuva, atingindo até 20 metros de altura por centenas de metros.
Todos os grandes sambaquis contêm esqueletos humanos, vestígios de ossos de peixes, aves, mamíferos, cascas dê tartaruga e moluscos, carvão, cinzas e restos de fogueiras e foram construídos por populações pré-históricas que ocupavam o litoral antes da chegada do homem branco. Os mais recentes – anos 600 -700 DC - contêm além daqueles sedimentos, material cerâmico, que se acredita pertenciam as Tradições Itararé e Guarani.
Estes construtores de sambaquis (catalogados cerca de 140 na região de Joinville) inicialmente viviam nas planícies sedimentares junto às lagoas e desembocadura de rios, ricos em peixes, moluscos e crustáceos, base da sua alimentação, e na medida que consumiam, amontoavam as cascas e moravam sobre as mesmas, porque constituíam um piso seco na planície úmida.
Assim, geração após geração, povo após povo, ocupando durante milênios os mesmos montes de conchas, os sambaquis atingiam grandes alturas e grandes extensões tornando-se um lugar seco isento de répteis e insetos além de ser um ponto estratégico para avistar inimigos.
Como era lugar de habitação, o sambaqui também tinha a caraterística de cozinha devido à grande quantidade de carvão e fogueiras encontrados. Estes povos sepultavam seus falecidos no chão da própria casa, hábito este que perdura até hoje em algumas tribos de índios do Mato Grosso do Sul. Como o morto continuava pertencendo a família foram encontrados numerosos esqueletos nos sambaquis nas mais variadas posições e com as mais diversas oferendas funerárias.
Observe que por não existir até 1961 nenhuma lei que protegesse este patrimônio cultural, muitos sambaquis foram destruídos para servirem de material de compactação nas estradas de rodagem. Assim, quando voarem a partir da pista do Aeroporto de Joinville ou cruzarem pelas estradas de acesso de São Francisco do Sul, Garuva, Araquari e outros municípios saibam que por debaixo estão imensos tesouros arqueológicos desperdiçados.
O Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville (MASJ) foi inaugurado em 1969 e foi criado a partir da aquisição em 1963 do acervo de mais de 12.000 peças do arqueólogo amador alemão Sr Guilherme Tiburtius, que registrou, coletou e classificou este imenso material pré-colonial. A partir de então o acervo vem crescendo pelo recebimento de doações particulares, pesquisas arqueológicas e descobrimento de novos sítios arqueológicos.
O MASJ é considerado uma referência pela preservação do patrimônio arqueológico, potencial de pesquisas e projetos educativos e sua interação com as comunidades que vivem no entorno dos sambaquis.